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domingo, 23 de maio de 2010

Rodas , cantigas e brincadeiras populares


Aproveitando o clima de festa junina , vamos brincar?


Violinha, violão

— O que tem atrás da porta?
— Uma cabra morta.
— O que tem atrás da janela?
— Uma fita amarela.
— O que tem no cantinho?
— Um ratinho.
— O que tem no cantão?
— Um ratão.
— O que tem no telhado?
— Um gato esfolado
— O que tem na sua rua?
— Uma espada nua.
Depois se canta, rodando as duas mãos fechadas:
Violinha, violão
Que se há de apanhar.
E quem se ri apanha um bolo. Uma menina fica no meio, vendo aquela que se ri e as outras sentadas na roda. E a que se ri vai para o meio, e se todas não se riem, fica a menina no meio da roda.
Cabral, Alfredo do Vale. Achegas ao estudo do folclore brasileiro. Rio de Janeiro, Funarte, 1978, p.74)





Baratinha

Para esta brincadeira, recolhida na região de Campos-São João da Barra, no estado do Rio de Janeiro, as crianças, aos pares, dispõem-se à vontade, em círculo ou fila. Previamente escolhido, o "mestre" grita, e cada criança citada deve ser defendida por seu par:
— A baratinha voô, voô!
Foi na boca de fulana, e sentô!
O par de fulana responde imediatamente:
— Na boca de fulana, não!
Na boca de beltrana...
O par de beltrana faz o mesmo, citando uma outra, e assim por diante. De vez em quando, alguém distraído se defende:
— Na minha não!... — ou qualquer outra frase no mesmo sentido.
Quando isso acontece, todos vaiam, gritando:
— Engoliu a baratinha! Engoliu a baratinha!
(Rodrigues, Ana Augusta. Rodas brincadeiras e costumes. Brasília, Editora Plurarte, 1984, p.161)

Trovas infantis

Sou pequenina
Criança mimosa
Trago nas faces
As cores da rosa
Mandei fazer um barquinho
Da casca do camarão
O barquinho saiu pequeno
Só coube meu coração
Coringa foi lavar roupa
Pegou na roupa vendeu
Cala a boca meu coringa
Quem paga a roupa sou eu
Tenho um cachorrinho
Chamado Totó
Ele é malhadinho
De uma banda só
Vou dar a despedida
Como deu o passarinho
Bateu asas, foi-se embora
Deixando as penas no ninho
O formoso pica-pau
Que do pau fez um tambor
Foi tocar alvorada
Na porta do seu amor
O anum é pássaro preto
Chibante no avoar
Quando se senta no pau
Levanta o rabo pro ar
Passarinho preso canta
Preso deve de cantar
Pois que foi preso sem culpa
Canta para aliviar
Amor tem dó
Do passarinho
Quebrou seus ossos
Escangalhou seu ninho
(Cláudio, Afonso. Trovas e cantares capixabas. 2ª ed. Rio de Janeiro, Ministério da Educação e Cultura; Fundação Cultural do Espírito Santo, 1980, p.27-28)

Filipina

Em Pernambuco e no Rio de Janeiro, este trato era praticado com maior freqüência nas proximidades do Natal, por ser a época das amêndoas, e talvez mais largamente entre adultos do que entre crianças.
Quem achava uma amêndoa dupla ou gêmea, devia sempre comer apenas uma das bandas, para não ter filhos gêmeos, oferecendo o restante a outra pessoa.
Com esta combinava, então, a "Filipina", marcando a ocasião para executá-la: pela manhã, ao acordar, ou à hora de uma das refeições etc.
A "conseqüência", também acertada no mesmo momento, era sempre um presente, em espécie ou em dinheiro, e às vezes um passeio.
Na ocasião determinada, ao se encontrarem, ganhava o trato quem primeiro gritasse:
— Bom dia, Filipina!... — ou, conforme a hora:
— Boa noite, Filipina!
O perdedor nunca fugia ao combinado, e pagava, sem reclamar, o que tivesse prometido.
Embora em muito menor escala, também se fazia Filipina com bananas e avelãs gêmea.


Parlendas

— Feijão queimou
— Quem queimou?
— Ladrão dos porcos
— Quer que queima?
— Queima já, daqui pra lá
Fulana casou
E não me convidou
Comeu melado
E se lambuzou
*
— Feijão queimado
— Quem queimou?
— Ladrão dos porcos
— Quer que prenda?
— Prenda já
Prenda que prenda
É um bom ladrão
Lambari sem sal
Sem gordura é bom
*
Lagarta pintada
Quem te pintou?
Foi a velha rabugenta
Por aqui ela passou
Tempo de areia
Sacode a poeira
Pega esta lagarta
Pela ponta da orelha


Bolotinha de cabra

As crianças ficam lado a lado, travando-se por mãos e braços, em cadeia. As da ponta falam:
— Bolotinha de cabra!
— Senhor, meu amo!
— Quantos pauzinhos queimou hoje?
— Vinte e um contados
— Qual foi este? [Quem o contou?]
— Foi o barriga de soro azedo. [Ou outra imprecação qualquer]
— Lá vem a morte! — imita o barulho de um tiro — Pum! — e todas as crianças caem no chão.
(Cláudio, Afonso. Trovas e cantares capixabas. 2ª ed. Rio de Janeiro, Ministério da Educação e Cultura; Fundação Cultural do Espírito Santo, 1980, p.27-28)

Telefone sem fio

Um grupo de crianças sentadas em volta de uma mesa. Quanto maior o número mais surpreendente será o final.
Escolhe-se uma para começar e o sentido em que a brincadeira irá rodar. Ela diz baixinho e depressa uma palavra ou frase qualquer no ouvido da que está ao seu lado. Esta, por sua vez, repete o que ouviu para a seguinte e assim por diante, até a última, que deverá dizer em voz alta o que ouviu.
Depois das risadas, a brincadeira continua com a criança que foi a última a falar dizendo uma nova palavra.


Brincadeira com os dedos

As mãos postas com os dedos abertos.
— Trim, trim!
(Os mindinhos se batem duas vezes)
— Quem é?
(Os seus-vizinhos se batem duas vezes)
— Sou eu!
(Batem-se os pais-de-todos)
— Olá! Olá!
(Os fura-bolos se cruzam)
— Smack! Smack!
(Os fura-bolos se beijam)





Réplicas

— E depois...
— Vacas não são bois, chifres são só dois, muita casca tem o arroz.
— Espera...
— Quem espera desespera
ou
— Espera é um pau que não se move do lugar.
— Jura!
— Pelo c... da tanajura
— Que é isso?
— Chouriço... carne de porco não tem bicho.
— Deixa vê (ver).
— Não é de chaveta nem de parafuso.
— Nada.
— É peixe.
— Estou com fome.
— Vai à rua de João Gome, mata um home e come.
— Esqueci.
— Quem esquece come queijo.
— Amanhã...
— Carneiro perdeu a lã.
— Pode ser...
— É uma vela sem pavio. (Referência ao pau de cera)





O padeiro

Parlendas empregadas ao pular corda, entrando e saindo.
Tum tum
— Quem é?
— Padeiro
— Pode entrar
Que eu vou buscar dinheiro
*
Delim delim delim
O padeiro já chegou
Quantos pães você quer?
—  Cinco (ou outro número)
— Um, dois, três, quatro, cinco
*
Delim delim
O padeiro vem vindo
Quantos pães você quer?
— Quatro (ou outro número)
— Um, dois, três, quatro
*
O padeiro está na porta
Quantos pães você quer?
— Oito (ou outro número)
— Um, dois, três... oito
*
O padeiro passa
Em frente da sua casa
Quantos pães você quer?
— Nove
— Um, dois, três... nove
— La stras pic fora
*
Quem é?
— Padeiro
— Espera aí
Que eu vou buscar dinheiro
Em baixo do travesseiro
*
Tum tum
— Quem é?
— É o padeiro
— Espera um momentinho
Que eu vou buscar dinheiro
Debaixo do travesseiro
Um, dois, três



Desconfio

Letras e palavras são o elemento básico deste divertido passatempo, também apreciado por adultos em todo o Brasil.
Um participante lança a primeira letra inicial de uma palavra qualquer e cada um dos outros, pela ordem em que estejam dispostos, fará a mesma coisa. Quem lançar a letra que complete uma palavra perde o jogo, pagando uma prenda, e a brincadeira recomeça.
As palavras monossílabas não contam, evidentemente. E também não se permite, para evitar o término de uma palavra, recorrer ao emprego de sufixos aumentativos, diminutivos, superlativos ou de modo, assim como não vale formar tempos de verbo.
Quando a letra citada por alguém dá à palavra em curso uma forma que se supõe incorreta ou inexistente, qualquer um dos participantes pode exigir explicações, gritando:
— Desconfio!
Se a explicação não é satisfatória e a palavra não existe, o responsável paga a prenda e é vaiado.
O mesmo acontece ao desconfiado, quando não tem razão, e em qualquer dos casos a brincadeira recomeça, com outra palavra.
(Rodrigues, Ana Augusta. Rodas brincadeiras e costumes. Brasília, Editora Plurarte, 1984, p.206)

Duvi-d-o-dó

Conversa de pegador, recolhida em Barcelos, município de São João da Barra, estado do Rio de Janeiro, cuja memória se perde nas tradições locais.
O pegador, no pique, estabelece com os companheiros este diálogo, precedendo o início da brincadeira:
— Hoje é domingo!
— Comi mocotó...
— Sopapo na tia.
— Beijo n'avó.
— Duvida que eu te pego?
— Duvi-d-o-dó!
Ao receber esta resposta final, o pegador sai do pique para pegar.
(Rodrigues, Ana Augusta. Rodas brincadeiras e costumes. Brasília, Editora Plurarte, 1984, p.206)


Vaco varaco

Para balançar a criança no colo:
Vaco varaco
Da banda do mato
Lá vem sinhá velha
Com seu samburá
Trazendo os peixinhos
Para nós jantá
Um pra... (nome de pessoa)
Um pra... (nome de pessoa)
Um pra Maricota
Do rabinho azedo
*
Vaco varaco
Da banda do mar
E vem sinhá véia
Com seu samburá
Caçando peixinho
Pra nós jantá
Um pra... (nome de pessoa)
Um pra... (nome de pessoa)
Um pra... (nome do executante)
Do rabinho azedo
(Heylen, Jacqueline. Parlenda, riqueza folclórica; base para a educação e iniciação à música. 2ª ed. São Paulo, Editora Hucitec, 1991, p.197)

Tampinha cross

Jogado com tampinhas de garrafa de vidro, como as de cerveja, que são os carros.
A pista é feita, geralmente, na terra, com obstáculo, como uma pista de cross. Pode-se improvisar a pista em qualquer lugar.
Impulsiona-se o carro-tampinha à base de petelecos.
O vencedor será aquele que conseguir chegar mais longe ou o que completar o circuito com o menor número de petelecos.


Galinha gorda

Brincadeira de meninos durante banho na água corrente, na água viva, rio, mar.
Um menino ergue uma pedra, segura na mão, gritando:
— Galinha gorda
Gorda é ela
Vamos comê-la?
Vamos a ela
Atira a pedra na água e todos mergulham para buscá-la.


Macaquinho gosta

Brincadeira que consiste num acordo firmado entre as crianças, com o objetivo de não serem importunadas quando comem alguma coisa.
Rapidez e esperteza fazem parte do jogo. Assim, quem estiver comendo deverá dizer:
— Não dou ferro, dá licença!
Isto lhe dará o direito de comer sossegado. Se esquecer de falar e alguém for mais rápido e disse, dando-lhe um tapa na mão: "Macaquinho gosta!", terá que deixar cair ou entregar ao outro o que estiver comendo.




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